Como a IA e o Big Data Estão Impulsionando a Próxima Onda de Inovação Sustentável

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Na agricultura, os gêmeos digitais estão surgindo como uma forma poderosa de gerenciar recursos de maneira mais eficiente. Essas réplicas virtuais de áreas agrícolas integram dados em tempo real de sensores, drones e estações meteorológicas para simular o crescimento das culturas, a saúde do solo e os impactos ambientais. Os agricultores podem testar estratégias de irrigação, fertilização e controle de pragas em um ambiente virtual sem riscos antes de implementá-las no campo.

Instituições como a Texas A&M AgriLife Research estão desenvolvendo gêmeos digitais para culturas do sul do Texas. Ao mesmo tempo, a empresa de tecnologia agrícola LandScan obteve uma patente para otimização da produção de amêndoas. Pesquisadores da California State University, Bakersfield, e da Roger Williams University estimaram em 2023 que 40% das grandes fazendas estariam usando gêmeos digitais até o final de 2025.

Embora ainda não haja dados que indiquem se as empresas estão acompanhando esse ritmo esperado, é claro que, ao combinar modelos de IA com dados em nível de campo, esses sistemas podem prever resultados de colheitas com seis a oito semanas de antecedência, melhorando a eficiência no uso de recursos e aumentando a produtividade.

Essa crescente dependência da IA no setor agrícola mostra como a tecnologia pode melhorar a produtividade e ajudar as empresas do setor a se alinharem diretamente com metas de sustentabilidade. E essa é apenas uma das muitas formas como as ferramentas de IA estão sendo usadas para promover iniciativas sustentáveis.

Análises preditivas para redes de energia

Empresas de serviços de energia em todo o mundo estão recorrendo à análise preditiva para tornar a distribuição de energia mais resiliente e eficiente. Plataformas baseadas em IA podem prever padrões de consumo, integrar fontes de energia renovável, detectar falhas potenciais e otimizar o desempenho de sistemas inteiros de rede.

Soluções como o Sistema de Gestão de Recursos Energéticos Distribuídos da Schneider Electric e o Kognitwin Grid usam modelos de IA para equilibrar demanda e oferta, prevenindo apagões e aumentando a confiabilidade durante eventos climáticos extremos. O Open Power AI Consortium, criado pelo Electric Power Research Institute e pela Microsoft, oferece ferramentas de IA padronizadas para mais de 30 empresas de energia, incentivando a inovação colaborativa e a adoção em escala no setor.

“As tecnologias que realmente terão escala são aquelas que geram impacto em três dimensões: planeta, pessoas e prosperidade”, disse-me em entrevista Sol Salinas, vice-presidente executivo e líder de sustentabilidade da Capgemini Américas.

“A sustentabilidade não é mais um centro de custo, é um motor de crescimento. Tecnologias que geram valor financeiro por meio de eficiência, redução de riscos e novas oportunidades de mercado conquistarão confiança e investimento.”

O caso para investimentos é forte: atualizações de redes inteligentes e capacidades preditivas estão movimentando bilhões em gastos com infraestrutura. Esses sistemas são cada vez mais vistos não apenas como melhorias operacionais, mas como medidas críticas de adaptação climática que protegem o acesso à energia em períodos de instabilidade.

Soluções de blockchain para transparência ambiental

A tecnologia blockchain está transformando a forma como as empresas rastreiam e verificam declarações de sustentabilidade. Registros imutáveis permitem dados precisos e verificáveis sobre origem de produtos, certificações e práticas ambientais ao longo das cadeias de suprimento. Ao capturar dados em tempo real, as empresas podem detectar fraudes, automatizar a conformidade e demonstrar transparência para reguladores e consumidores.

Além do rastreamento da cadeia de suprimentos, plataformas de blockchain estão possibilitando abordagens inovadoras para os mercados de carbono e de energia. Por exemplo, o modelo de comércio de energia solar entre pares da Powerledger permite que consumidores comprem e vendam excedentes de energia renovável localmente, enquanto sistemas de créditos de carbono baseados em blockchain oferecem um mercado seguro e transparente para compensações de emissões.

Desenvolvimentos em mecanismos de consenso de baixo consumo de energia do mundo das criptomoedas, como o proof-of-stake popularizado pelo Ethereum, estão tornando as soluções de blockchain menos intensivas em energia. Essa mudança está incentivando uma adoção mais ampla entre empresas que buscam responsabilidade e mitigação de impacto climático.

Por que a IA não é necessariamente ruim para a sustentabilidade

Embora ferramentas de IA exijam muita energia para operar centros de dados, existem diversas formas de usá-las para fomentar negócios mais sustentáveis. Para os investidores, a questão principal é como os dados criam valor mensurável em sistemas regenerativos.

“Dados são a infraestrutura que impulsiona a vantagem dos sistemas regenerativos”, disse em entrevista Nic Gorini, sócio-gerente da Spin Ventures. “Eles desbloqueiam eficiências de recursos, de mercado e operacionais, além de aumentarem a rentabilidade em cadeias de valor circulares e regenerativas.”

Gorini aponta para regulamentações em andamento, como o Passaporte Digital de Produtos da União Europeia, como aceleradores de adoção. “Você não gerencia o que não consegue medir, e os dados tornam mensuráveis os sistemas regenerativos. É nesse momento que o capital aparece”, acrescentou. “Empresas que traduzem complexidade em inteligência utilizável em áreas como terra, logística, varejo e saúde vão dominar. Elas estão construindo o Salesforce do capital natural.”

Segundo Gorini, os empreendimentos mais transformadores serão os que simplificarem a complexidade em inteligência aplicável. O que torna essas tecnologias virais é o valor acumulado que criam. Modelos de IA que preveem a saúde do solo aumentam a produtividade, mas também informam cadeias de suprimento, que por sua vez influenciam mercados de consumo e até a saúde pessoal.

“IA e dados em tempo real transformam a volatilidade biológica em previsão comercial”, afirma Gorini. “Seja prevendo a saúde do solo, ajustando inventários com base em perfis de carbono ou modelando estratégias de fornecimento resilientes ao clima, essas ferramentas aumentam a agilidade e liberam margem.”

Salinas concorda que a adoção depende da acessibilidade. “Essas tecnologias precisam ser intuitivas e incorporadas à educação e ao desenvolvimento da força de trabalho. Startups que tornarem a sustentabilidade simples, prática e auditável vão moldar o futuro”, acrescentou.

Investindo em IA e Big Data para a próxima onda de inovação sustentável

Startups têm a chance de liderar em áreas onde sistemas tradicionais ficam aquém. Mensurar o impacto de carbono de operações digitais, fornecer inteligência climática em nível hiperlocal e construir infraestrutura de rastreabilidade são todas oportunidades em aberto. Grandes corporações podem acelerar a adoção adquirindo ou formando parcerias com inovadores.

Para investidores, o cálculo está mudando. Gorini define isso como o início de um novo ciclo econômico: “Menor risco de insumos, maior desempenho de ativos, fortalecimento de marca e valor acumulado ao longo do tempo. O mercado vai precificar isso mais rápido do que muitos esperam.”

IA e big data já provaram sua capacidade de transformar indústrias. Os próximos cinco anos testarão até que ponto eles podem continuar impulsionando essa onda de ganhos de inovação sustentável enquanto entregam retornos a investidores. As empresas que tiverem sucesso serão aquelas que integrarem essas tecnologias não como complementos, mas como elementos centrais de sua estratégia. A transição para o carbono neutro exige velocidade, precisão e escala. IA e big data oferecem os três, tornando-se não apenas ferramentas de inovação, mas motores essenciais do crescimento sustentável.

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